sexta-feira, 5 de agosto de 2011

QUANDO TIVER UMA OPORTUNIDADE, PASSE ISSO ADIANTE




Fábula ou não, não é essa a questão



Lá estava eu com minha família, em férias, num a campamento isolado e com o carro enguiçado.

Isso aconteceu há 5 anos, mas lembro-me como se fosse ontem. Tentei dar a partida no carro. Nada.

Caminhei para fora do acampamento e, felizmente, meus palavrões foram abafados pelo barulho do riacho.

Concluí que era vítima de uma bateria arriada. Sem alternativa, decidi ir à pé até a vila mais próxima e procurar ajuda.

Depois de uma hora e um tornozelo torcido, cheguei, finalmente, a um posto de gasolina. Ao me aproximar do posto, lembrei que era domingo e, é claro, o lugar estava fechado.

Por sorte havia um telefone público e uma lista telefônica já com as folhas em frangalhos. Consegui ligar para a única companhia de socorro que encontrei na lista, localizada a cerca de 30 km dali.

– Não tem problema, disse a pessoa do outro lado da linha. Normalmente não trabalho aos domingos, mas posso chegar aí em mais ou menos meia hora.

Fiquei aliviado, mas, ao mesmo tempo, consciente das implicações financeiras que essa oferta
de ajuda me causaria.

Logo seguimos, eu e o Zé, no seu reluzente caminhão-guincho, em direção ao acampamento.

Quando saí do caminhão, observei, com espanto, o Zé descer com a ajuda de muletas para se locomover. Santo Deus! Ele era paraplégico!!!

Enquanto ele se movimentava, comecei, novamente, minha ginástica mental de calcular o preço da sua ajuda.

– É só a bateria descarregada, uma pequena carga elétrica e vocês poderão seguir viagem, disse-me ele.

O homem era impressionante. Enquanto a bateria carregava, ele distraiu meu filho com truques de mágica e chegou a tirar uma moeda da orelha, presenteando-a ao garoto.

Enquanto ele colocava os cabos de volta no caminhão, perguntei quanto lhe devia.

– Oh! nada – respondeu ele, para minha surpresa.

– Tenho que lhe pagar alguma coisa, insisti.
– Não, reiterou ele. Há muito anos atrás, alguém me ajudou a sair de uma situação muito pior. Foi quando perdi minhas pernas e a pessoa que me socorreu, simplesmente disse:

– Quando tiver uma oportunidade “passe isso adiante”.

– Eis a minha chance... Você não me deve nada! Apenas lembre-se: quando tiver uma oportunidade semelhante, faça o mesmo.

“Somos todos anjos de uma asa só, precisamos nos abraçar para alçar vôo”.


Meu olhar a respeito...



Não vivemos sós. Não conseguiríamos a façanha de vivermos sozinhos.

Direta ou indiretamente dependemos uns dos outros. E, seja pela concepção religiosa, seja pela social, temos o dever de nos ajudar. Temos o direito de permitir que sejamos ajudados e o dever de ajudar os demais viventes, dentro daquilo que somos capazes de fazer, sem esperar nada em troca. Parece difícil, não é? E é.

Sei que alguém – muitos – pensará o quão é difícil ajudar o próximo, sendo que não conhecemos esse próximo. Infelizmente vivemos em meio de sua sociedade caótica, perturbada e insegura.

Afinal, a índole do ser humano está extremamente abalada e comprometida. Está cada vez mais difícil acreditarmos nas pessoas, estendermos as mãos num pedido de ajuda, sem que sejamos lesados por uma ou outra “falsa alma bondosa”.

Isso é lamentável, pois, volto a dizer, que não vivemos isoladamente, onde quer que estejamos, ainda mais nesse mundão(inho) globalizado. É muito mais fácil nos escondermos de nós mesmos do que das demais pessoas. Acredite.

Vivemos assim: desconfiamos do próximo até que esse próximo nos convença de que não nos fará mal algum. É ou não É assim? É.

Nossos pais diziam que muitas vezes se reuniam em seus lares quando, de repente, lá se aproximava um desconhecido, e mais um, e mais outros, e a prosa se estendia pela noite afora. A casa vivia de portas abertas para receber as pessoas, a vizinhança. O bairro era assim. E o rol de amigos se ampliava a cada dia. Lógico, uns mais, outros menos afetivos. Mas as pessoas se confidenciavam mais, se defendiam mais coletivamente.

Hoje vivemos feito bicho da selva. Selva em concreto armado. Desconfiamos de quase tudo. Isolam-nos. Defendemos nossas crias como se algo de ruim irá acontecer a qualquer momento. Custamos crer nas pessoas. Nos bairros, um bom dia hoje, uma boa tarde amanhã, e depois... e depois... Até que um dia nos permitimos, à conta gotas, que o outro saiba um pouquinho mais de nossa vida. Vida pessoal, pois familiar quem sabem mais tarde, um outro dia talvez.

Somos bichos desconfiados, ariscos e temerosos, até que um dia, talvez por uma ajuda divina, eis que permitimos mais um bicho arisco e temeroso frequentar nosso lar.
Toda essa volta que eu dei é para dizer algo que já está dito na “fachada implícita da sociedade”. Mas...

Mas, por mais que desconfiamos, por mais esquivos que sejamos, ainda assim vivemos em sociedade. E por assim vivemos, precisamos sempre ter a consciência de ajudar o próximo, pois o próximo sou eu, é você, são todas as pessoas que aqui estão em meio a nós.

Essa fábula que fiz questão de publicar acima e que não faço a mínima ideia de quem a escreveu nos faz refletir sobre a importância de servir. O corre-corre de nossa vida tem contribuído para que nos tornemos egoistas. Preocupamo-nos com nossos próprios interesses e deixamos de lado o interesse em ajudar o próximo. Perdemos muitas vezes a oportunidade de ajudar alguém. E assim, nas pequenas coisas que, para aquele que necessita, nem damos conta de tão grande ela pode lhe servir.

Precisamos olhar. Observar alguém que necessita de nosso apoio muitas vezes é uma questão de conveniência. “Conveniência”, do Latim, significa “adaptação”. Portanto, precisamos adaptar nosso olhar para ajudar outrem. Não que temos que estar sempre à procura de situações a fim de dispormos de nossa ajuda. Não é isso. Mas precisamos nos adaptar, nos tendenciar a apoiar, ajudar a quem necessitar.

Penso que não podemos e nem devemos perder a oportunidade em ajudar alguém. Precisamos ser mais solidários com o próximo, mesmo que esse próximo não seja tão próximo assim. Precisamos nos desgarrar de nossas desconfianças, de forma segura e convicta claro, para exercitarmos tal (boa)ação.

Ajudamos hoje, recebemos ajuda amanhã. Ou vice versa. A questão é que da mesma forma que ajudamos, também necessitamos de ajuda. Isso é um fato irrefutavelmente questionado. E isso é prova de nossa existência e convívio social.

Finalizo dizendo o seguinte: DAR DE SI ANTES DE PENSAR EM SI.

É isso.



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Dê sua olhada, mas vê lá como vai olhar.