sábado, 5 de novembro de 2011

SE NÃO BASTASSEM O LEGISLATIVO E O EXECUTIVO, ATÉ TU, JUDICIÁRIO?




Ministra Eliana Calmon, Corregedora do CNJ (Foto: VEJA)

Recentemente acompanhamos a manifestação da ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, onde afirmou que “o Judiciário está contaminado pela politicagem miúda, o que faz com que juízes produzam decisões sob medida para atender aos interesses dos políticos, que, por sua vez, são os patrocinadores das indicações dos ministros”. Oras, por que essa afirmação?

Recém-empossada no cargo de corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a ministra passa a assumir nos próximos dois anos a incumbência de fiscalizar o desempenho de juízes de todo o país. E sabemos que não é tarefa fácil, já que os magistrados nunca aceitaram a ideia de serem monitorados naquilo que fazem ou deixam de fazer. Nunca viram com bons olhos o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão fiscalizador do Judiciário.

Por exercer uma função especial na sociedade, o juiz é detentor de muito poder. Um poder institucionalizado que o faz tornar além de um manipulador do direito. E essa distinção de poder se expressa perante a sociedade por diversos modos, a começar pelo uso da toga, uma roupa diferente que o povo romano utilizara para distinguir-se dos escravos e que a magistratura faz uso até hoje. Nos fóruns, nos momentos de julgamento, nota-se a figura do juiz em um patamar elevado em relação aos promotores, advogados e réus, o que é notória a expressão de poder emanada pelo magistrado. É invocado por todos que a ele se aproximam pelos pronomes de tratamento “meritíssimo”, aquele que tem grande mérito, muito digno; e “excelência”, aquele de grau máximo de bondade, qualidade ou perfeição.

Possui ainda altos salários e benefícios que outras classes não detêm. Seu cargo é vitalício e, quando se aposenta, o seu salário é integral. Essa expressiva distinção tem um motivo válido. Ao juiz cabe o dever de proteção da Constituição Federal, do Estado e dos direitos de justiça de cada cidadão. É a pessoa instituída de autoridade pública para reger a justiça em todas as suas esferas. Compete a ele o equilíbrio na busca dos fatos, de modo a levar em conta como a sociedade aceita os casos em análise, devendo encontrar nas leis a solução mais eqüitativa para o caso em questão, sempre de modo imparcial e racional.

O Artigo 125 do Código de Processo Civil – CPC estabelece os seguintes deveres do juiz, a saber: I - assegurar às partes igualdade de tratamento; II - velar pela rápida solução do litígio; III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da Justiça; IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.

Voltemos ao tempo para entendermos um pouco mais a função da jurisdição. Thomas Hobbes (1651), John Loche (1689) e Jean-Jacques Rousseau (1762), os mais expressivos filósofos do contratualismo, já discutiam a ideia de contrato social. E o ponto de partida para essa discussão é a ausência de qualquer ordem institucionalizada, onde prevalecia o estado natural do ser, em detrimento de um estado social – a sociedade. Trata-se esse estado da ausência de sociedade e, por conseguinte, de regras de conduta para que haja uma organização social entre as pessoas. Com o surgimento do contrato social, os indivíduos não renunciam a seus direitos naturais, pelo contrário, pactuam a proteção desses direitos. É quando os homens deixam de resolver seus conflitos através da força, resolvendo-os por intermédio da Justiça.

Eis que surge o Estado, com o objetivo de proteger os diretos de cada indivíduo. Desse modo, o Estado passa a ser a instituição protetora da vontade geral, que, por sua vez, difere da vontade de todos os indivíduos. E nesse cenário a figura do magistrado é marcante, pois é ele quem representará o Estado de direito, a vontade geral.

Desse modo, o papel do magistrado é tão importante e nobre na sociedade, já que compete a ele a incumbência de arbitrar os conflitos sociais, que é fundamentalmente necessário que hajam garantias institucionalizadas que assegurem os poderes nele investido de exercer a função com jurisdição e juízo.

E é nesse ponto que quero aqui chegar. Os poderes e garantias dados pelo Estado aos juízes de direito não surgem por acaso. O Código de Ética da Magistratura, criando em 8 de dezembro de 2008, fala em independência, imparcialidade, transparência, integridade pessoal e profissional, diligência, dedicação, cortesia, prudência, sigilo profissional, conhecimento, capacitação, dignidade, honra e decoro. E do mesmo modo que o cidadão é obrigado a cumprir as leis, o indivíduo, quando investido em seu poder de juiz, também assim o deve fazer e de modo exemplar. Mais do que qualquer outro onde quer que esteja investido. Portanto, a reputação de um juiz deve ser sempre inabalavelmente decente, pois uma vez denegrida a sua imagem por desonra ou por falta de decoro, denegrida será a sua moral perante a sentença por ele deferida ao caso concreto.

Os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário fazem a tríplice da supremacia. É assim que nossa democracia constitucionaliza os direitos e deveres de todos. Deparamo-nos com uma enxurrada de corrupções advindas das mais variadas esferas do poder público. E isso os meios de comunicação de massa têm divulgado todos os dias. E todos os dias um ou outro é indiciado por algum ato ilícito que supostamente cometeu ao erário, ou seja, à própria sociedade brasileira. E para combater esse mal, eis que existe o órgão Judiciário que jamais deveria fazer o perverso jogo de combinação, troca de favores, entre juízes e políticos.

As instituições brasileiras, de um modo geral, estão maculadas ao ponto de estarem desacreditadas pela sociedade. E não falta motivo para tanto. Refiro-me aos poderes institucionais, que estão manchados de corrupção e indecência por muitos que lamentavelmente ocupam qualquer cargo desses poderes. Do mesmo modo, parece que lamentavelmente nosso Judiciário caminha para o mesmo trágico destino.

Não há de se falar na criação de mais leis com o objetivo de censurar isso ou aquilo. Pura tolice. O que se precisa fazer, todavia, é moralizar e fazer cumprir com as existentes, que são mais que suficientes para inibir e reprimir o indivíduo que comete qualquer crime contra o Estado. A lei precisa ser severamente punitiva. Na verdade, é preciso que nosso casto Judiciário tenha ética, decência e honre a Constituição Federal, honre seu estatuto e reprima veementemente todos e quaisquer atos de decoro, atos de corrupção, atos que venham manchar a honradez de nosso Estado, de nossa Bandeira, de nossa moral, de nossa sociedade. Faça-se cumprir as leis.

E se uma instituição é honrada e segue à risca os princípios e condutas éticas que espelham a mais virtuosa seriedade e respeito à sociedade, por quê não se permitir que seja fiscalizada por um conselho composto por seus pares? Isso não autenticaria a transparência da postura ética e exemplar que compete ao Poder Judiciário?

É preciso que nossa Magistratura seja moralizada, faça valer seu poder de decência e ética, caso contrário estaremos fadados à banalização definitiva de nosso poder maior, nossa Constituição Federal, e, disso, resultar em um descontrole social de conseqüências alarmantemente incalculáveis. Estaremos fadados ao fim de uma sociedade constitucionalizada para retornarmos ao estado natural do ser. Aí será um Deus nos acuda. E olhe lá se ele quererá acudir-nos! Temo ser tarde demais.



quarta-feira, 17 de agosto de 2011

AS BARBÁRIES HUMANAS UM DIA TERÃO SEU FIM?


Ensaio sobre a compreensão humana



Entrarei no intricado tema sobre a compreensão da raça humana. Entretanto devo dizer que esse ensaio se trata apenas de mais um possível método de compreensão humana, diante de tantos outros já existentes. Mas seja o meu método, seja aqueles de especialistas gabaritados das mais diversificadas áreas, creio que ainda estão muito aquém de nos dar uma resposta mais convincente sobre que bicho nós, humanos, realmente somos nos quesitos relacionamento e harmonia com as espécies.

Não quero ser pretensioso em dizer que o método aqui por mim apresentado realmente nos dá uma compreensão clara sobre os atos cometidos pelos seres humanos, muito menos desejo frustrar qualquer leitor, esperando que encontre aqui uma compreensão mais plausível sobre que bicho realmente somos ou nos tornamos diante de uma pretensa dominação de outras espécies, obviamente mais frágeis, com o simples motivo de se divertir ou mostrar um aparente ar de superioridade sem direito e sem respeito às demais espécies.

Essa minha abstração visa buscar compreender, muitas das vezes, o porquê de determinados gestos e atitudes do ser humano que me faz pensar se todos os seres humanos realmente fazem parte da mesma espécie humana: o “homem sábio”. Mas desde já quero me desarmar de pretencionismo, de moralismo, ou mesmo de qualquer concepção religiosa, a fim de evitar qualquer tendencionismo que possa interferir em minhas indagações. E, como falei, é só mais um de tantos métodos de compreensão. Diferente esse, porém. Talvez a compreensão humana não exista ou não tenhamos competência suficiente para percebê-la. Daí nossa angústia diante de atos impetuosamente covardes advindos de determinados seres humanos contra a sua própria raça ou contra outros seres aos quais eles convivem e dependem.

Ao manifestar meu depoimento sobre o tema, quero esclarecer também que não sou nenhum antropólogo, cientista ou qualquer especialista em comportamento humano, muito menos entendedor do processo de evolução natural dos seres. Sou apenas um ser humano qualquer, integrante dessa raça, pecador e irresoluto. Um bicho preocupado com sua própria espécie, que busca a compreensão dessas grotescas e doentias atitudes completamente dispensáveis de indivíduos que, lamentavelmente, parece que não pertencem, de certo modo, à classe evolutiva dos seres vivos.

Receio me frustrar com algo que seja obvio, mas meu método se dá através um ponto de vista interior, daquele integrante que faz parte do cotidiano dos demais seres humanos. E antes que pensem qualquer coisa, obviamente, sou um ser humano qualquer, cheio de imperfeições, mas que reconhece o quanto a sua raça precisa evoluir, precisa reconhecer que não é “dona”, apenas “condômina” desse planeta.

Sei, no entanto, que estou entrando em um assunto extremamente delicado e controvertido. Talvez aquém de minhas compreensões, argumentações e perturbações. Sei que não se trata de novidade e sei também que não sou o único a “indagar com meus botões”. Mas como esse tema me causa indignação, por este motivo, levo-me a buscar entendimento e aqui expor meus devaneios, de modo a fazer com que o leitor entenda essa minha humilde análise interpretativa de nós mesmos.

Antes de falar de meu método de compreensão, devo cituar a figura do ser humano. E para tanto, auxilio-me da famosa enciclopédia virtual, Wikipédia, que busca identificá-lo e, de certo modo, qualificá-lo. Para ela, “um humano, ser humano, pessoa, gente ou homem é um animal membro da espécie de primata bípede Homo sapiens, pertencente ao género Homo, família Hominidae (taxonomicamente Homo sapiens - latim: "homem sábio").” Ainda segundo a enciclopédia, “os membros dessa espécie têm um cérebro altamente desenvolvido, com inúmeras capacidades como o raciocínio abstrato, a linguagem, a introspecção e a resolução de problemas. Esta capacidade mental, associada a um corpo ereto possibilitaram o uso dos braços para manipular objetos, fator que permitiu aos humanos a criação e a utilização de ferramentas para alterar o ambiente a sua volta mais do que qualquer outra espécie de ser vivo”.

Pois bem, então estou falando de um bicho altamente desenvolvido e capacitado intelectualmente. Não é? Será isso mesmo? Ou será que falta alguma coisa a mais para realmente sermos altamente desenvolvidos? Ao falarmos em evolução, precisamos nos apartar das diversas formas de evolução tecnológica, das quais nos tornamos inegavelmente dependentes.

Refiro-me, pois, à evolução da consciência natural cognitiva de cada indivíduo. E é essa a questão perturbadora que a sociedade lamentavelmente acaba relevando ou se abstendo de agir. Ela peca por agir tão somente a censurar, como muitas vezes tem feito hipocritamente através dos mais variados meios de comunicação, sendo que deveria, no entanto, não só censurar como também expurgar de seu meio os autores dos atos cometidos, em que ela mesma sabe da ilicitude hemorrágica e covarde de cada um deles.

A sociedade convencionou normas de direito, de ética e de bons costumes. E essas normas estão em constante evolução. Desse modo, caberia também a aplicação de tais normas aos indivíduos estúpidos que cometem crimes contra outras espécies. Sei que especialistas me contestarão dizendo que tais normas já existem. Porém eu os refutarei dizendo que realmente elas existem, mas, como eu já dissera, a sociedade não está evoluída conscientemente para fazer cumpri-las, para respeitá-las. Se tivesse essa consciência, jamais permitiria que tais atos se tornassem formas espetaculares de diversão humana em detrimento à desgraça alheia, como aconteceu e ainda acontece. Já que especialistas dos quatro cantos do mundo sempre estufam o peito para dizer que somos “bichos evolutivos”, talvez aí esteja uma grande falha nossa em não nos evoluir suficientemente. E para mim essa nossa evolução requer um tempo muito maior para nos despertar. O que pode ser tarde de mais para a nossa espécie.

É sabido que podemos caracterizar o ser humano por diversas técnicas metodológicas diferenciadas, como, por exemplo, cor, sexo, raça e idade, situando cada classe de indivíduos em suas mais variadas vertentes. Mas podemos também caracterizá-lo por sua razão, emoção, discernimento, inteligência, tolerância, compreensão, comportamento, respeito, decência, limites, enfim.

Dentre tantos métodos possíveis de classificação para entendimento da raça humana, quero aqui, de modo bem simples, expor uma que acredito ser pertinente para compreendermos um pouco a psique de esse ser intitulado racional. Para mim, esse método nos permite dividir a raça humana, independente de qualquer outra classificação, em duas classes completamente distintas e inversamente proporcionais, de indivíduos, quais sejam:

a) Classe de indivíduos possuidores de consciência natural cognitiva.

b) Classe de indivíduos não possuidores de consciência natural cognitiva.

Sem me aprofundar demais no assunto, pois, como dissera, é apenas um ensaio, mas procurando defender cada uma dessas classes, afinal estou aqui comentando sobre suas existências metodológicas, tratá-las-ei da seguinte forma: a primeira sendo a classe dos IPC (indivíduos possuidores de consciência natural cognitiva); a segunda, dos INPC (indivíduos não possuidores de consciência natural cognitiva).

A dicotomia humana sempre existiu e sempre existirá. Seja em qualquer parte do mundo, seja em qualquer elemento familiar, sempre ouviremos falar de indivíduos bárbaros, maldosos (limito-me aqui no uso dos adjetivos para não demonstrar maior grosseria) que, por se colocarem acima de qualquer ser vivo, acreditam veementemente que tudo em sua volta existe para sua satisfação fisiológica ou mesmo pessoal, ou agem cruelmente a fim de satisfazer simplesmente suas bizarrices que, por qualquer que seja o motivo distúrbico-mental, precisam cometer algum ato ilícito – no sentido mais abrangente do termo – contra qualquer que seja a espécie que ele pretensiosamente conota de inferior. Refiro-me, como se pode notar, à classe dos INPC`s.

Essa classe de indivíduos infelizmente não evoluiu suficientemente para compreender o quanto é importante perceber a necessidade das coisas em sua volta. Por não se evoluir, eles não se deram conta que não são e, talvez, nunca serão superiores aos demais seres vivos aqui existentes. O fato de os indivíduos possuírem um cérebro altamente desenvolvido, em relação aos demais seres (e isso eu tenho minhas dúvidas), não lhes dá o direito de pensar e, consequentemente, agir de modo a subestimar os demais seres e deles fazer como se fossem meros “objetos” de manipulação e de destruição.

Muito pelo contrário, deveriam sim, já que são seres dotados de razão, possuir humildade suficiente para, no mínimo, respeitar e interagir com os demais seres, e, jamais, agirem com desrespeito, crueldade, agressividade, covardia, acompanhada de uma equivocada e medíocre pretensão. É claro que vivemos numa cadeia alimentar e também fazemos parte desse processo fisiológico. Dependemos disso tanto quanto qualquer outro animal para a nossa sobrevivência. Mas devemos respeito e humildade aos demais seres vivos que nos sevem como alimento e proteção.

Já a classe dos IPC`s, por outro lado, é dotada de uma característica, muitas vezes imperceptível à sociedade e a si mesma. Essa classe se difere da anterior por tem intuitivamente a sabedoria, a humildade e o discernimento para perceber, como também, valorizar a relação mais primitiva que existe: o bom convívio entre as espécies. Essa classe é, basicamente, dotada de respeito, responsabilidade e limites perante os demais seres, sejam racionais ou não racionais.
Para a classe dos IPC`s, o planeta existe como uma grande casa que abriga todos os seres vivos de modo passível e harmônico, sempre se levando em conta o ciclo natural da vida, sempre respeitando a necessidade fisiológica de todos os seres vivos. Para entender essa classe, poucas palavras bastam.

Faço questão de cuidar para esclarecer que não somos “anjos e demônios”. Porém, acredito na importância dessa metodologia para estabelecer uma compreensão dos atos cometidos pelos seres humanos em relação aos demais seres vivos. Pensando assim, não posso me calar diante de tanta crueldade advinda de mentes doentis, que muitas vezes buscam diversão com a desgraça alheia, como, por exemplo, os rodeios, as rinhas de galo, as brigas de cães ferozes e até a crueldade nas matanças covardemente violentas de animais, com o argumento de que o estresse causado ao bicho faz com que sua carne se torne mais exótica, e acharmos que tudo isso é natural e faz parte do ciclo da vida. Não é e estamos muito equivocados.

Aqueles que lamentavelmente pertencem à classe dos INPC`s são indivíduos mal resolvidos, que muitas vezes necessitam de alguma imposição para chamar a atenção pelo simples fato de se “exibirem”, de mostrarem que são melhores do que os outros. Necessitam disso. Necessitam se sentirem superiores, maltratando, judiando, castigando, aniquilando diversas espécies, com requinte de crueldade, em suas casas, nas ruas, em arenas diante de multidões frenéticas de imbecis e mesmo nos próprios lares dos demais seres vivos: matas, mares, ar, enfim.

Não vou me perguntar o porquê de tudo isso, pois sobre a índole das pessoas não cabe a mim julgar. Nem quero me martirizar entrando nesse mote, pois sei que talvez meu grito não chegue aos ouvidos de quem é de direito e de dever. E talvez em nada adiantasse. Mas, faço questão de procurar entender, enfim, o porquê de tanta imbecilidade genuinamente humana. Manifesto-me com muita tristeza e irritação. Afinal, não temos o direito de cometer nenhum mau, ainda mais a outrem que mau nenhum nos fez. Ao contrário, sabemos bem o quanto somos dependentes dos demais seres vivos e que sem eles tenho dúvida de nossa existência.

Desse modo, a minha expectativa é que essa desgraçada classe dos indivíduos não possuidores de consciência natural cognitiva seja, um dia, se não reeducada, aniquilada, de modo que prevaleça a sabedoria e o cultivo da paz entre as espécies e prevaleça o discernimento humano para que entenda a sua pequenez e que, dessa forma, se coloque em seu lugar, respeitando os seus limites e respeitando o ciclo natural da vida. É isso.

Concluo com a certeza de que o ser humano necessita evoluir sua consciência cognitiva natural. Somos capazes disso, afinal nos evoluímos em tantas outras coisas impressionantes e bárbaras. Talvez estejamos no caminho certo, talvez não. Mas essa evolução requer tempo. A questão é que ainda temos esse tempo, mas precisamos nos despertar logo, pois receio que ele esteja encurtando a cada dia que passa. Basta ver as desgraças que têm ocorrido em nossa volta e que muito nos tem prejudicado. Até quando iremos suportar isso tudo dependerá de nós mesmos.

Precisamos deixar essa nossa mania de grandeza em olhar lá fora para, com muita humildade, olharmos dentro de nós mesmos. Precisamos de uma auto-reflexão. Esse é um exercício que a sociedade precisa ter o hábito de fazer constantemente e que não está a fazer. Nós mesmos somos atores de tudo o que está acontecendo e precisamos despertar para a necessidade de uma consciência coletiva no sentido mais abrangente possível. Utopia? Talvez. Mas para mim isso é uma necessidade de sobrevivência. Nós, indivíduos racionais, temos o dever da proteção, da harmonização entre as espécies. Jamais sermos os destruidores. Jamais sermos causadores de tantas desgraças alheias. Não precisamos disso. Vamos olhar nosso interior. Vamos buscar mais reflexão em nosso meio para sermos agentes de defesa, de proteção e de harmonia consciente entre as espécies. É o meu desejo.



PS. O vídeo postado abaixo é um triste exemplo disso que eu defendo acima.



terça-feira, 16 de agosto de 2011

VIOLÊNCIA CONTRA ANIMAIS









Ignorância, burrice, estupidez, insanidade, mediocridade, pretensão, primitividade...


Ainda não sei qual adjetivo melhor enquadraria algumas pessoas causadoras de tanto mau.


Marquês de Sade, aristocrata e escritor francês do Século XIX, diz o seguinte:


"Não há outro inferno para o homem além da estupidez ou da maldade dos seus semelhantes".


E eu concordo plenamente com isso.




quarta-feira, 10 de agosto de 2011

GUARDA-SE PÓ

Loja do guarda pó? Existe, é!?



Quer dizer que esse pessoal guarda o pó?

Pedirei então para eles irem lá em casa. Está cheio de pó lá.

Ah, espera um pouco... Que pó, que nada.


Essa gente não entende nada de pó. Eles são especialistas em guarda-pó.

É outra coisa.

Então, está na hora de tirar o pó do livro de gramática, não acham?

Escreve certo pô!


A minha gramática diz o seguinte:

Guarda-pó (forma do verbo guardar + pó) s. m.s. m.
1. Casaco comprido de tecido ligeiro que, em viagem, se veste por cima da roupa.
2. Peça de vestuário leve e comprida, em geral branca, com mangas e abotoada à frente, que se veste por cima da roupa usual, em farmácias, laboratórios, serviços médicos, escolas etc.







sexta-feira, 5 de agosto de 2011

EXISTEM ASSOVIOS E EXISTE O ASSOVIO





É de se apreciar...



E eu que nem sei assoviar para a garota do outro lado da rua...


Qual a forma correta: assoviar ou assobiar? Tanto faz. São formas variadas da nossa Língua Portuguesa.
Segundo a Wikipédia, "é a produção de som de altura definida a partir da expiração constante através da boca. O ar pode ser direcionado pela língua, lábios, dentes ou dedos para criar a turbulência necessária à geração do som. A boca serve como caixa de ressonância para reforçar o som resultante, atuando como um ressonador de Helmholtz. O assovio pode também ser produzido utilizando as mãos como caixa de ressonância".





QUANDO TIVER UMA OPORTUNIDADE, PASSE ISSO ADIANTE




Fábula ou não, não é essa a questão



Lá estava eu com minha família, em férias, num a campamento isolado e com o carro enguiçado.

Isso aconteceu há 5 anos, mas lembro-me como se fosse ontem. Tentei dar a partida no carro. Nada.

Caminhei para fora do acampamento e, felizmente, meus palavrões foram abafados pelo barulho do riacho.

Concluí que era vítima de uma bateria arriada. Sem alternativa, decidi ir à pé até a vila mais próxima e procurar ajuda.

Depois de uma hora e um tornozelo torcido, cheguei, finalmente, a um posto de gasolina. Ao me aproximar do posto, lembrei que era domingo e, é claro, o lugar estava fechado.

Por sorte havia um telefone público e uma lista telefônica já com as folhas em frangalhos. Consegui ligar para a única companhia de socorro que encontrei na lista, localizada a cerca de 30 km dali.

– Não tem problema, disse a pessoa do outro lado da linha. Normalmente não trabalho aos domingos, mas posso chegar aí em mais ou menos meia hora.

Fiquei aliviado, mas, ao mesmo tempo, consciente das implicações financeiras que essa oferta
de ajuda me causaria.

Logo seguimos, eu e o Zé, no seu reluzente caminhão-guincho, em direção ao acampamento.

Quando saí do caminhão, observei, com espanto, o Zé descer com a ajuda de muletas para se locomover. Santo Deus! Ele era paraplégico!!!

Enquanto ele se movimentava, comecei, novamente, minha ginástica mental de calcular o preço da sua ajuda.

– É só a bateria descarregada, uma pequena carga elétrica e vocês poderão seguir viagem, disse-me ele.

O homem era impressionante. Enquanto a bateria carregava, ele distraiu meu filho com truques de mágica e chegou a tirar uma moeda da orelha, presenteando-a ao garoto.

Enquanto ele colocava os cabos de volta no caminhão, perguntei quanto lhe devia.

– Oh! nada – respondeu ele, para minha surpresa.

– Tenho que lhe pagar alguma coisa, insisti.
– Não, reiterou ele. Há muito anos atrás, alguém me ajudou a sair de uma situação muito pior. Foi quando perdi minhas pernas e a pessoa que me socorreu, simplesmente disse:

– Quando tiver uma oportunidade “passe isso adiante”.

– Eis a minha chance... Você não me deve nada! Apenas lembre-se: quando tiver uma oportunidade semelhante, faça o mesmo.

“Somos todos anjos de uma asa só, precisamos nos abraçar para alçar vôo”.


Meu olhar a respeito...



Não vivemos sós. Não conseguiríamos a façanha de vivermos sozinhos.

Direta ou indiretamente dependemos uns dos outros. E, seja pela concepção religiosa, seja pela social, temos o dever de nos ajudar. Temos o direito de permitir que sejamos ajudados e o dever de ajudar os demais viventes, dentro daquilo que somos capazes de fazer, sem esperar nada em troca. Parece difícil, não é? E é.

Sei que alguém – muitos – pensará o quão é difícil ajudar o próximo, sendo que não conhecemos esse próximo. Infelizmente vivemos em meio de sua sociedade caótica, perturbada e insegura.

Afinal, a índole do ser humano está extremamente abalada e comprometida. Está cada vez mais difícil acreditarmos nas pessoas, estendermos as mãos num pedido de ajuda, sem que sejamos lesados por uma ou outra “falsa alma bondosa”.

Isso é lamentável, pois, volto a dizer, que não vivemos isoladamente, onde quer que estejamos, ainda mais nesse mundão(inho) globalizado. É muito mais fácil nos escondermos de nós mesmos do que das demais pessoas. Acredite.

Vivemos assim: desconfiamos do próximo até que esse próximo nos convença de que não nos fará mal algum. É ou não É assim? É.

Nossos pais diziam que muitas vezes se reuniam em seus lares quando, de repente, lá se aproximava um desconhecido, e mais um, e mais outros, e a prosa se estendia pela noite afora. A casa vivia de portas abertas para receber as pessoas, a vizinhança. O bairro era assim. E o rol de amigos se ampliava a cada dia. Lógico, uns mais, outros menos afetivos. Mas as pessoas se confidenciavam mais, se defendiam mais coletivamente.

Hoje vivemos feito bicho da selva. Selva em concreto armado. Desconfiamos de quase tudo. Isolam-nos. Defendemos nossas crias como se algo de ruim irá acontecer a qualquer momento. Custamos crer nas pessoas. Nos bairros, um bom dia hoje, uma boa tarde amanhã, e depois... e depois... Até que um dia nos permitimos, à conta gotas, que o outro saiba um pouquinho mais de nossa vida. Vida pessoal, pois familiar quem sabem mais tarde, um outro dia talvez.

Somos bichos desconfiados, ariscos e temerosos, até que um dia, talvez por uma ajuda divina, eis que permitimos mais um bicho arisco e temeroso frequentar nosso lar.
Toda essa volta que eu dei é para dizer algo que já está dito na “fachada implícita da sociedade”. Mas...

Mas, por mais que desconfiamos, por mais esquivos que sejamos, ainda assim vivemos em sociedade. E por assim vivemos, precisamos sempre ter a consciência de ajudar o próximo, pois o próximo sou eu, é você, são todas as pessoas que aqui estão em meio a nós.

Essa fábula que fiz questão de publicar acima e que não faço a mínima ideia de quem a escreveu nos faz refletir sobre a importância de servir. O corre-corre de nossa vida tem contribuído para que nos tornemos egoistas. Preocupamo-nos com nossos próprios interesses e deixamos de lado o interesse em ajudar o próximo. Perdemos muitas vezes a oportunidade de ajudar alguém. E assim, nas pequenas coisas que, para aquele que necessita, nem damos conta de tão grande ela pode lhe servir.

Precisamos olhar. Observar alguém que necessita de nosso apoio muitas vezes é uma questão de conveniência. “Conveniência”, do Latim, significa “adaptação”. Portanto, precisamos adaptar nosso olhar para ajudar outrem. Não que temos que estar sempre à procura de situações a fim de dispormos de nossa ajuda. Não é isso. Mas precisamos nos adaptar, nos tendenciar a apoiar, ajudar a quem necessitar.

Penso que não podemos e nem devemos perder a oportunidade em ajudar alguém. Precisamos ser mais solidários com o próximo, mesmo que esse próximo não seja tão próximo assim. Precisamos nos desgarrar de nossas desconfianças, de forma segura e convicta claro, para exercitarmos tal (boa)ação.

Ajudamos hoje, recebemos ajuda amanhã. Ou vice versa. A questão é que da mesma forma que ajudamos, também necessitamos de ajuda. Isso é um fato irrefutavelmente questionado. E isso é prova de nossa existência e convívio social.

Finalizo dizendo o seguinte: DAR DE SI ANTES DE PENSAR EM SI.

É isso.



domingo, 3 de julho de 2011

MEU QUERIDO PAI JÁ DIZIA: “VOCÊ PRECISA FAZER POR MERECER"


TÍTULO DA ABL A RONALDINHO GAUCHO








Confesso que me custou muito entender o que o meu pai queria me dizer com a frase "VOCÊ PRECISA FAZER POR MERECER". Passado um tempo, eu a compreendi e passei a dar muito valor a ela, e sei o quão é difícil na vida de um cidadão do bem conseguir o reconhecimento, o devido mérito nas coisas que ele fez e faz para si mesmo, para sua família e até mesmo para a sociedade. Sabe por quê? Porque estamos vivendo em uma sociedade futilizada, onde o que prevalece é o todo, não a parte. Onde o que importa mesmo é o TER, de forma mais fácil possível, sem esforço, sem desgaste físico e, principalmente, mental, em detrimento do SER.

O que esse jornalista está falando no vídeo acima, para mim não se trata de um sensacionalismo ou uma “dor de cotovelo”, como alguns fúteis cidadãos que prestigiam a leviandade das coisas irão dizer – se já não disseram. Nada disso. O que ele está fazendo é manifestando seu repúdio ao ato cometido por uma instituição que, em tese, não deveria e nem compete julgar, critica, muito menos dedicar títulos a jogadores de futebol – ou qualquer que seja o esporte –, a não ser que o jogador, paralelamente à sua competente capacidade de encantar seus fãs com a bola, também a tenha para escrever uma obra literária ou coisa assim. Caso contrário é patético e sem sentido. É, sem dúvida, distorcer o porquê da existência da imortal instituição.

Antes de mais nada, pergunto: qual a competência da Academia Brasileira de Letras? Por quê ela existe? Você sabe? Então vejamos. Para não ficar a impressão de que “quem é esse cara para dizer?”, consultemos o nosso assessor de assuntos aleatórios (o Wikipédia). A Academia Brasileira de Letras – ABL “é uma instituição fundada no Rio de Janeiro em 20 de julho de 1897 por escritores como Lúcio de Mendonça, Machado de Assis, Inglês de Souza, Olavo Bilac, Graça Aranha, Medeiros e Albuquerque, Joaquim Nabuco, Teixeira de Melo, Visconde de Taunay e Rui Barbosa. Composta por quarenta membros efetivos e perpétuos e por vinte sócios estrangeiros, tem, por fim, o cultivo da língua e da literatura brasileiras” (grifos nossos).


O que o jornalista está dizendo, e eu concordo perfeitamente, é que, muitas vezes, não se faz as coisas por direito e, por conseguinte, o mérito não é por direito. Como ele mesmo falou, pegando como exemplo o que o cantor Lobão já dissera: “trabalhou bem feito, reconhecimento de todos; não trabalhou bem feito, admoestação (repreensão, mesmo que branda e benevolamente). Aí vai a deixa para minha tão irrequieta pergunta: como excelente jogador de futebol, que obra mesmo que ele escreveu e que justifica o referido título? Pois sei que tem muita gente em nosso imenso Brasil que escreveu belas obras e nem se quer é conhecida. Mas o buraco é mais embaixo, como se diria por ai.

Então eu volto a questionar o que leva a ABL tomar uma decisão dessas? Não consigo enxergar nenhum fundamento que justifique o porquê dessa decisão. Prezados nobres e imortais literatos (ou não), membros da altiva, ilustre, sublime, digna, briosa (é tudo a mesma coisa) ABL, perdoem esse mortal e singelo crítico que aqui se manifesta, mas, aplicarei, por analogia, a teoria da meritocracia ao jogador Ronaldinho: admoesto-lhe imperativamente (e não preciso pertencer à ABL para saber que estou sendo redundante com o uso do vocábulo).


Mas faço isso na melhor das intenções, como o próprio termo assim me permite. Motivo pelo qual justifico, pois se trata de uma instituição honrada e séria (acredito e quero continuar a acreditar que sim), que muito respeito, que acolheu pessoas de máxima honra e competência, defensoras de nossa tradição que, de uma forma ou outra, contribuíram imensamente para perpetuar a Cultura Brasileira, que anda cada vez mais desgastada e sofrida em detrimento de uma efemeridade massiva, leviana e fútil que hoje se manifesta muito fortemente em nossa sociedade e que os meios de comunicação apregoam como cultura, mas que, na verdade, não passa de atos módicos, de relâmpago, onde a nossa sociedade caminha como a brisa do mar: de lá prá cá, daqui prá lá...

Como tal, a ABL não deveria e não deve destinar seus propósitos em homenagear pessoas empanas, sendo que sua competência é muito objetiva: cultuar a nossa querida Língua Portuguesa e, digo ainda, defender com unhas e dentes nossos poetas, escritores, as pessoas que se dedicam a manter nossa genuína cultura na ponta de seus lápis. Acredito que Rui Barbosa está a lamentar muito pelo efêmero e lapso ato cometido pelos integrantes da Academia Brasileira de Letras nesse dia 11 de abril de 2011, com o título Machado de Assis, que deve este esconjurar os infelizes responsáveis por esse ato. Tanta gente que realmente mereceria esse título. Valha-me, Deus.

Espera aí. A não ser que ABL não seria a imortal instituição defensora da Cultura Brasileira, mas sim a Associação das Baladas Locais. Aí queiram me perdoar o meu equivoco. O título é merecido.

É lógico que tudo isso não muda nada em minha vida. Mas, como cidadão brasileiro e cultivador de nosso maravilhosa literatura, faço questão de me manifestar e me indignar por esse gesto impensado e sem fundamento. É isso. Mas quero dizer ainda...

Quem é esse tal Ronaldinho, “perna de pau” de nossa língua Portuguesa? Minha crítica não é contra o Ronaldinho, não tenho nada contra sua pessoa e sei o quanto é bom de bola – de bola. Também não é contra o esporte em si. Mas minha crítica é contra os “ronaldinhos” que estão destruindo nossa cultura. Acabando com nossa história e que não percebe o quanto isso é ruim para uma nação, que acaba ficando sem uma identidade e rotulada como a terra da bola, da bunda e da malandragem. Pior: da bola não sei não se ainda pode carregar esse título.

E a nossa Pátria – querida, mas não tão idolatrada Pátria – que deveria ser, no mínimo respeitada, é ignorada e substituída por uma bola, onde milhões de pessoas param para observá-la, defendê-la, chorar por ela. A troco do quê? De uma ilusão, nada mais. E enquanto haverá bobos, ingênuos torcedores, meia dúzia está rindo de todos nós. Por quê? Oras, você, torcedor brasileiro, acha que um “Ronaldinho” joga por amor à Pátria. Só ingênuo para pensar que sim.


Confesso que detesto futebol. E isso já fiz o meu leitor perceber. Reconheço que ando na contra-mão da cultura futebolística brasileira. Mas quero desde já me defender. Já me emocionei muito, chorei, torci, vibrei o bastante. Bastante até demais. Como vibrei com a nossa seleção brasileira! Eu sei muito bem.

Mas espera aí. A troco de quê? Notei que meus atos, meu trabalho, meus gestos suados e sofridos estavam sendo massacrados por uma cultura maciça e grotescamente hipnótica, que o que importa era não mais as minhas necessidades fisiológicas, sociais, de amor, de auto-realização, financeira até, mas a necessidade de espelhar-me em uma sensação de vitória, que não era e nunca será minha. Nunca mesmo. A não ser que eu esteja lá, com um propósito, atrás daquela bola, fazendo o meu gol. Aí sim seria a minha vitória. Então notei que eu estava me enganando com tudo aquilo e, sem perceber, deixando de lado muitas outras coisas que verdadeiramente seriam boas para minha vida.


Parei tudo. Da mesma forma que me manifesto ideologicamente ao não beber a marca consagrada da bebida norte-americana ou de entrar em um desses locais vermelho e amarelo que servem lanche, que mais parece algo produzido do que feito (se é que me entendem), manifesto-me também em não torcer mais futebol* algum. E olha que não quero entrar no mérito de Copa do mundo. Aí me chamarão de traidor, por não me entenderem mesmo o meu ideário esportivo. Mas isso é assunto para uma outra oportunidade.


Eis os termos
* O futebol, (do inglês association football ou simplesmente football) é um desporto de equipe jogado entre dois times de 11 jogadores cada um e um árbitro que se ocupa da correta aplicação das normas. É considerado o desporto mais popular do mundo, pois cerca de 270 milhões de pessoas participam das suas várias competições.[2] É jogado num campo retangular gramado, com uma baliza em cada lado do campo. O objetivo do jogo é deslocar uma bola através do campo para colocá-la dentro da baliza adversária, ação que se denomina golo (português europeu) ou gol (português brasileiro). A equipe que marca mais gols ao término da partida é a vencedora.
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Futebol

Meritocracia (do latim mereo, merecer, obter) é um sistema de governo ou outra organização que considera o mérito (aptidão) a razão para se atingir determinada posição. Em sentido mais amplo, pode ser considerada uma ideologia. As posições hierárquicas são conquistadas, em tese, com base no merecimento e entre os valores associados estão educação, moral, aptidão específica para determinada atividade. Em alguns casos, constitui-se em uma forma ou método de seleção.

A meritocracia está associada, por exemplo, ao estado burocrático, sendo a forma pela qual os funcionários estatais são selecionados para seus postos de acordo com sua capacidade (através de concursos, por exemplo). Ou ainda – associação mais comum – aos exames de ingresso ou avaliação nas escolas, nos quais não há discriminação entre os alunos quanto ao conteúdo das perguntas ou temas propostos. Assim, meritocracia também indica posições ou colocações conseguidas por mérito pessoal.

Embora a maioria dos governos seja em parte baseada na meritocracia, ela não se expressa de forma pura em nenhum lugar. Governos como de Singapura e da Finlândia utilizam padrões meritocráticos para a escolha de autoridades, mas misturados a outros. Um modelo de uma meritocracia é o método científico, no qual o que considerado como sendo verdade é justamente definido pelo mérito, ou seja, a consistência do conteúdo em relação às observações ou a outras teorias.

O principal argumento em favor da meritocracia é que ela proporciona maior justiça do que outros sistemas hierárquicos, uma vez que as distinções não se dão por sexo ou raça, nem por riqueza ou posição social, entre outros fatores biológicos ou culturais, nem mesmo em termos de discriminação positiva. Além disso, em teoria, a meritocracia, através da competição entre os indivíduos, estimula o aumento da produtividade e eficiência.

Embora o sufixo "cracia" sugira um sistema de governo, há um sentido mais amplo. Em organizações, pode ser uma forma de recompensa por esforços e reconhecimento, geralmente associado a escolha de posições ou atribuição de funções. Entretanto a palavra "meritocracia" é agora freqüentemente usada para descrever um tipo de sociedade onde riqueza, renda, e classe social são designados por competição, assumindo-se que os vencedores, de fato, merecem tais vantagens. Conseqüentemente, a palavra adquiriu uma conotação de "Darwinismo Social", e é usada para descrever sociedades agressivamente competitivas, com grandes diferenças de renda e riqueza, contrastadas com sociedades igualitárias.

Governos e organismos meritocráticos enfatizam talento, educação formal e competência, em lugar de diferenças existentes, tais como classe social, etnia, ou sexo.

Em uma democracia representativa, onde o poder está, teoricamente, nas mãos dos representantes eleitos, elementos meritocráticos incluem o uso de consultorias especializadas para ajudar na formulação de políticas, e um serviço civil, meritocrático, para implementá-los. O problema perene na defesa da meritocracia é definir, exatamente, o que cada um entende por "mérito". Além disso, um sistema que se diga meritocrático e não o seja na prática será um mero discurso para mascarar privilégios e justificar indicações a cargos públicos.



sábado, 2 de julho de 2011

PELOS DEUSES, O QUE ESTÃO FAZENDO COM A GRÉCIA


Por Mino Carta

Vende-se o Partenon
Mino Carta 2 de julho de 2011 às 10:39h



Uma foto de Billy the Kid, tirada nos anos 80 do século XIX, a única existente do bandido cinematográfico, foi leiloada dias atrás nos Estados Unidos e arrematada por mais de 1 milhão de dólares. Pergunto aos meus botões quanto valeria o Partenon, ou um arquipélago do Mar Egeu. Inimaginável, respondem. Até um certo ponto, digo eu.

À deriva de uma Europa assolada pela crise econômica e financeira, à custa de um buraco negro, abismo vertiginoso de mais de 600 bilhões de euros, para cobri-lo a Grécia anuncia o propósito de pôr em leilão o seu inestimável patrimônio artístico e natural. Daí a lógica da pergunta acima. Poderia, porém, dirigir muitas outras ao Oráculo de Delfos. Que diria Homero? Ou, ao se falar no Egeu, o seu herói mais humano, o Odisseu? Ou a poetisa Safo, ou outro que versejava, Teócrito, a pressagiar Caymmi, escrevia “deixa que o mar azul quebre sobre a praia, mais doce a seu lado transcorrerei a noite”?

Penso na Itália, que, igual a outros países europeus, vive no fio da navalha. Quanto valem a catedral de Orvieto, o Vesúvio, o museu Degli Uffizi? E me vêm à memória filmes da minha mocidade, comédias à italiana, em que um Sordi ou um Totó conseguiam vender o Coliseu ao parvo turista americano de sandálias e bermudas. Digo, o precursor de um transeunte hodierno e comum da Avenida Paulista, ou da Rua Oscar Freire, a mais elegante do mundo, como todos sabem.

À espera de leilões inéditos, de certa forma aberrantes, meus severos botões se apressam a uma afirmação categórica: não é para rir, não. Assistimos a mais um quadro do segundo ato da tragédia, a da tentativa, por ora em andamento, do suicídio do globo terráqueo. O homem criou a situação terrificante, ou melhor, um grupo de homens dispostos a crer, a provar, a impingir que o ideal é produzir dinheiro, grana em atuação-solo, em lugar de bens, indispensáveis e nem tanto. Outros homens, em quantidade infinitamente maior, deixaram-se engodar. Outros ainda, muitos mais ainda, estão mergulhados no oblívio de quem nada sabe e nada percebe.

Este o enredo do primeiro ato, mas não levou ao repúdio do engano urdido por estranha competência na tessitura da desgraça, não alterou um milímetro, ou um suspiro sequer, os papéis dos protagonistas, banqueiros e especuladores financeiros. Todos a postos no alvorecer do segundo ato, a professarem o mesmo credo, nos Estados Unidos e na Europa. Alguns meses depois, volto a citar um documentário magistral, ganhador do Oscar deste ano, Inside Job. Mostrou a cara impávida de quem semeou a tempestade e impavidamente continua a alimentá-la, certo da impunidade. E a humanidade que se moa.

O segundo ato envereda pelo suicídio de um certo número de cidadãos gregos, que não acham saída para a tragédia, coletiva e também individual. O cenário, em todo caso, vai além desta específica crise, exibe sem disfarces outras faces, política, intelectual, moral. Leiam, se quiserem, em ordem inversa, moral em primeiro lugar, a abarcar em larga parte a política. Nunca a corrupção e a hipocrisia dos poderosos, a desfaçatez e a prepotência, ficaram tão impunemente expostas aos olhos do mundo, e este gênero de violência é tanto mais grave em uma quadra da história humana que se pretende de progresso nunca dantes alcançado.

Sim, assistimos a avanços científicos e tecnológicos notáveis e inegáveis, e nem por isso atravessamos de fato dias melhores. Somos, em tudo e por tudo, súditos do império do dinheiro, que alonga suas fronteiras por cima das nacionais, transcende-as como se fossem inexistentes ou inúteis. Com valia em todos os campos, na arte e no esporte, na educação e na saúde. É da percepção até do mundo mineral o quanto a humanidade, ao se multiplicar, emburrece, assim como cresce a implacável separação entre ricos e pobres.

Neste segundo ato, padecemos a globalização da ferocidade de poucos oposta à debilidade de muitos, a riqueza e o poder à miséria e à indigência, a irresponsabilidade à resignação e à apatia. Em um único ponto talvez se verifique alguma igualdade: na ignorância, doença terrível, epidêmica. A prosseguir neste rumo, o terceiro ato não promete nada de bom.


Mino Carta
Mino Carta é diretor de redação de CartaCapital. Fundou as revistas Quatro Rodas, Veja e CartaCapital. Foi diretor de Redação das revistas Senhor e IstoÉ. Criou a Edição de Esportes do jornal O Estado de S. Paulo, criou e dirigiu o Jornal da Tarde.
redacao@cartacapital.com.br.




Com o forte e negativo impacto financeiro que a Grécia, infelizmente, vem sofrendo, ela encontra-se à porta de uma moratória, e não se pode descartar uma crise mundial em virtude do que está acontecendo por lá. Ou alguém duvida disso? Eis a globalização.


Que sejam invocados Zeus, Apólo, Hera, Afrodite, Ártemis, Hermes, Deméter, Dionísio, Possêidon e Hades, deus do inferno. E eles poderão integrar o 3º ato desse cenário triste que hoje assola a Grécia (só a Grécia mesmo? Não sei não!). Só não se sabe se esses deuses farão o papel dos "mocinhos" ou dos "vilões". A plateia aguarda atemorizada o próximo ato.