quinta-feira, 3 de outubro de 2013

BOM DIA COM DESEJO DE UM DIA BOM



            Ao nos relacionarmos com as pessoas em nosso dia a dia, seja no lar, seja no trabalho, seja em qualquer outro local usual ou novo que estejamos, temos o tão social e saudável hábito de dizer “bom dia”. Essa expressão está mecanicamente tão enraizada em nossa comunicação com os demais que, na maioria das vezes, nem nos damos conta do seu significado e importância. Simplesmente a pronunciamos às pessoas as quais nos relacionamos, seja apenas para cumprimentá-las, seja para dar início a um diálogo. Toda manhã ao levantarmos, desejamos bom dia às pessoas em nossa volta; ao chegarmos ao trabalho, cumprimentamos as pessoas com um cordial bom dia; ao falarmos com nossos clientes e amigos, a primeira coisa que dizemos é “bom dia”. Não é isso? É sim. Mas qual o significado desse tão social e saudável gesto? Por que dissemos “bom dia” às pessoas em nossa volta? E nós? Será que nós esperamos receber esse “bom dia” todos os dias?

           Tenho notado que a expressão “bom dia” é utilizada, corriqueiramente, como forma de cumprimento inicial, uma saudação apenas. Trata-se de um gesto educado que naturalmente se convencionou entre as pessoas como forma de contato social e inicial de um diálogo. É um cumprimento de chegada, ou algo assim. Via de regra, essa expressão é utilizada, pela maioria das pessoas no mundo todo, no período da manhã como forma de saudação. Mas continua a perguntar: o que esse “bom dia” significa? Permitam-me trazer um fragmento de um filme que chamou a minha atenção.

            No filme O hobbit: uma jornada inesperada, dirigido pelo consagrado cineastra e diretor neozelandês Peter Jackson e estreado em 2012 nos cinemas, há uma passagem que nos leva a uma reflexão sobre a simples, porém rica expressão “bom dia”. Quem assistiu ao filme pode perceber a inquietude de um marcante e sábio personagem sobre o uso dessa expressão. O diálogo se passa em um bucólico e encantador lugarejo conhecido como Condado, onde Gandalf, um dos magos mais poderosos da Terra Média, surge em uma visita inesperada a casa – na verdade, toca – do Bilbo Bolseiro, um hobbit simpático, porém solitário e desconfiado feito ele mesmo, que se encontra sentado no banco diante de seu confortável lar pitando seu estranho cachimbo, e com ele trava um diálogo. Nesse diálogo, o mago coloca em discussão semântica a complexidade da expressão “bom dia” dita pelo Bilbo ao Gandalf ao vê-lo. É exatamente assim:

(Bilbo) – Bom dia!
(Gandalf) – O que quer dizer? Está me desejando um bom dia ou quer dizer que o dia está bom, não importa que eu queira ou não? Ou talvez queira dizer que você se sente bem nesse dia em particular? Ou está simplesmente dizendo que esse é um dia para se estar bem?
(Bilbo) – Tudo isto de uma vez.

          Formidável, não? No episódio acima, o personagem Bilbo deseja ao mago um “bom dia”, assim como desejaria para qualquer um que por lá passasse. Poderia dizer qualquer outra coisa com, por exemplo, “olá”, “como vai?” ou “o que deseja?”. Não, ele disse “bom dia”. Entretanto, para sua surpresa, o pobre Bilbo não contava com esse embaraço pelo simples fato de dizer “bom dia”. Não faz parte da personalidade Bilbo se deparar com confronto qualquer que seja a sua relevância. E isso é um dos motivos que o leva a morar absolutamente sozinho em sua toca. De repente, eis que se vê alvejado de perguntas questionadoras sobre qual verdadeiramente o significado que ele queria, naquele momento, dar ao dizer “bom dia”. As perguntas foram, de fato, provocativas, mas genuinamente pertinentes, pois gerou dúvida ao mago que, dado sua sensibilidade lingüística, provocou Bilbo para saber qual sentido da coisa. Aqui entre nós, quando Bilbo responde “tudo isto de uma vez” deixa transparecer que ele simplesmente disse “bom dia” como uma forma simples e educada de se cumprimentar alguém, mas nada mais que isso. Não havia interesse da parte dele em prorrogar a conversa, pois o que ele queria mesmo era fica sozinho com seu cachimbo.

          É muito comum dizermos uma coisa ao falarmos outra. Ou ainda, falar algo que gera questionamento tendo em vista as várias formas de interpretação. E esse paradoxo lingüístico pode gerar questionamentos na forma de pensar e entender aquilo que se é dito. Pegando o exemplo do episódio acima, isso me faz pensar qual o sentido que tenho dado ao fizer “bom dia” às pessoas em minha volta! E, na maioria das vezes, questiono-me de como estou fazendo uso dessa expressão em meu dia a dia.

            Será que ao falarmos “bom dia” estamos verdadeiramente desejando bom dia àquele a qual falamos? Ou estamos fazendo uso dessa expressão meramente como um mecanismo que nos permite dar início a um diálogo? Ou ainda, utilizamo-nos dela apenas como forma educada de dizer “olá”? Às vezes falamos bom dia sem nos darmos conta de termos pronunciado “bom dia”, pois essa expressão, como já disse, é tão marcadamente forte em nossa comunicação que não notamos a sua existência a não ser como forma de nos relacionarmos com os demais em nossa volta.

        Não que seja errado utilizarmos a expressão “bom dia” à pessoa amada, aos nossos filhos, pais ou familiares e amigos ao acordarmos pela manhã, ou “bom dia” como forma inicial de uma conversa, ou ainda dizermos simplesmente “bom dia” ao nos despedirmos de alguém. Porém digo que existe algum muito mais forte por traz dessa expressão, que tem haver com sentimentos e desejos. E é isso que quero ressaltar aqui, no sentido de provocá-lo para uma reflexão sobre o outro lado da relação humana. Refiro-me ao valor de se dizer e, mais ainda, desejar algo de bom para o próximo.

           Quando nos levantamos pela manhã, desejamos fortemente que o nosso dia seja bom, não é mesmo? Se não agimos racionalmente, ao menos intuitivamente nosso desejo é de termos um dia produtivo, saudável e disposto. Em nosso cotidiano, não precisamos ter um excepcional dia, mas almejamos ter um bom dia! Um bom dia de trabalho, um bom dia de estudos, um bom dia de relacionamentos diversos.

      Mas será que no momento em que desejamos um “bom dia” a alguém estamos fortemente engajados e interessados em desejar que esse alguém tenha um dia bom? Será que nosso pensamento está voltado a esse desejo ao próximo? Confesso que por inúmeras vezes disse “bom dia” às pessoas visando apenas cumprimentá-las ou dar início ou fim a um diálogo com elas. No entanto, sempre me apeguei a esse fato de que ao dizer “bom dia” eu deva ter comigo o forte interesse e sentimento de desejar o bem ao próximo, desejando-lhe, do meu coração, que tenha um dia bom, mesmo que ele não sinta explicitamente esse meu desejo. Afinal, dizer bom dia é uma das oportunidades que temos para manifestar nossa vontade em desejar o bem, desde que, evidentemente, esse desejo seja sincero.


            Claro, não quer dizer que desejamos o mal ao próximo pelo fato de dizermos “bom dia” por simplesmente dizer. Mas se ao dissermos “bom dia” com desejo de que realmente o dia seja bom para o próximo, tenho convicção de que a energia e a unidade canalizadas motivarão ainda mais nosso universo e as coisas em nossa volta para influenciarem positivamente as pessoas e os bons relacionamentos, pois, com isso, tudo pode culminar positivamente para aquele que desejarmos um bom dia e, por conseguinte, para nós mesmos. É uma reflexão que cabe a cada um de nós se desejarmos o bem e se queremos também recebê-lo. Mais importante que dizer “bom dia” é desejar que o próximo tenha um dia bom. E esse sentimento fará bem ao nosso coração. Então, ao utilizarmos a expressão “bom dia”, não só a falemos, mas também a desejemos com muita energia e unidade, e o universo atuará em nosso favor. Bom dia!


segunda-feira, 22 de julho de 2013

FAZER O BEM QUE MAL TEM?


Não nos cansemos de fazer o bem.
Pois, se não desanimarmos, chegará o tempo certo em que faremos a colheita.

(Gálatas 6 – 9)

PAPA FRANCISCO




Francisco, o Cardeal Arcebispo Jorge Mario Berboglio, argentino que, em 13 de março de 2013, foi eleito Papa e o 266º Sucessor de São Pedro.

Que o Papa Francisco seja mais um Santo Homem, como assim foi o nosso João Paulo II, e que sua fé seja disseminada pelo mundo afora, levando humildade e unidade entre as nações.

Seja bem vindo Papa Francisco! Que sua humildade seja carinhosamente difundida entre o povo brasileiro.

Tenho muita fé em Vossa Santidade.


quinta-feira, 11 de julho de 2013

VOCÊ DUVIDA?


Há uma espécie de corrente elétrica nas grandes massas
de povo.


José de Alencar


quarta-feira, 10 de julho de 2013

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM OS BRASILEIROS?


O elefante está solto
            
            O mundo todo tem acompanhado as inúmeras, massivas e surpreendentes manifestações que o povo brasileiro tem feito nos últimos meses, tendo a internet como o local de concentração e preparação e as ruas como palco principal. São manifestações criticando inúmeros atos públicos, desde o aumento da passagem de ônibus – fator motivador inicial das manifestações – até a corrupção e insegurança que afligem a sociedade brasileira.

            O que, de fato, levou o cidadão brasileiro sair às ruas para mostrar sua insatisfação e, ao mesmo tempo, reivindicar melhorias? Qual foi o motivo de as pessoas tomarem essa decisão? Foram as conversas de bate papo pelos canais sociais da internet que as motivaram? Foi mais um modismo passageiro que milhares aderiram e se uniram para simplesmente participar e reivindicar algo? Ou foram os meios de comunicação tradicional falido que convenceram mais uma vez o povo levantar a bandeira contra uma causa? Nada disso.

            Podemos dizer que essas manifestações são uma surpresa ou uma esperada ação coletiva? Pois bem, para mim foram as duas coisas. Surpresa, pois nosso histórico de passividade sempre prevaleceu e sempre permitiu que, numa sociedade democraticamente administrada, a corrupção constitucionalizada fosse descaradamente livre e solta, tendo a impunidade como instituto de proteção em prol do corrupto. Leva-se em conta ainda uma sociedade totalmente desorganizada e descompromissada com o bem público.

            Por outro lado, foi inevitavelmente essa atitude de rebeldia de um povo que fez questão de mostrar aos seus líderes o quanto está cansado de tanta corrupção e descaso daqueles que a sociedade elege para representá-la e para administrar a máquina pública. E essas ações na prática ocorreram graças às redes sociais eletrônicas, que foram, sem sombra de dúvida, o mecanismo de concentração e de fortalecimento que levou a sociedade a se unir para, criticar, reivindicar e protestar contra diversas irregularidades.

            As inúmeras manifestações ocorridas por todos os cantos do Brasil são fortes indícios de intolerância de uma sociedade cansada de ser enganada, roubada e manipulada por políticos incompetentes, corruptos e maus intencionados, que mancharam o Congresso Nacional, mancharam a Pátria brasileira com seus interesses obscuros, estando eles investidos em cargos constitucionais que lhe garantem fazer tudo que interessa aos seus motivos pessoais e não aos motivos da coletividade, uma vez que a própria sociedade sempre permaneceu passiva e a impunidade sempre prevaleceu para a classe política. E essas manifestações sobraram até para a velha mídia, condenada pela sociedade como cúmplice da corrupção.

            Que o povo brasileiro é apaixonado por futebol, o mundo todo sabe. Isso é histórico, é envolvente, contagiante até! Ele ri, ele chora, comenta, sofre e ele é capaz de fazer qualquer coisa pelo seu time. Qualquer coisa mesmo! O decorrer dos tempos fez com que o povo brasileiro não se apaixonasse e nem importasse muito pela política como tem se apaixonado e se importado pelo futebol. E isso é lamentável, de certa forma. Eis aí o porquê de toda essa corrupção pública. Somos ótimos comentarias esportivos, técnicos de futebol, mas não somos bons ao falarmos de política e administração pública. Sem falar que o conceito de coisa pública não é bem definido na cabeça da maioria das pessoas. E isso justifica o descaso que o brasileiro sempre deu para esse tema. Sai presidente, entra presidente; sai prefeito, entra prefeito e o máximo que fazemos é eleger os candidatos e depois criticá-los por erros e falcatruas.

            O que estamos vendo nas ruas não é sinal de amadurecimento político da sociedade brasileira. Ainda não. O que estamos vendo nas ruas é uma excepcional revolta genuinamente popular, originada por uma forte indignação coletiva. Não se trata de uma manifestação pública contra um governante qualquer, um partido político qualquer ou contra um tema qualquer. É um forte interesse por questionar aquilo que a sociedade, a tempo, vê como errado e nunca fez nada. Não se trata de um amadurecimento político, não podemos descartar um forte sinal de um despertar da sociedade pelas causas públicas.

            A pergunta que podemos tirar dessas manifestações é essa: Como não existe dinheiro para investimento na saúde, na segurança e na educação se existe para mega reforma de estádios de futebol? O povo não é idiota! E tolerância tem limite. Indignadas, as pessoas saíram decididamente às ruas, em milhares, para cobrar explicações e, mais importante ainda, cobrar mudanças para melhoria de nossas instituições públicas, com o fim da corrupção e com a utilização apropriada do dinheiro público. E nossos governantes só não percebem mesmo por não quererem perceber.

            Pessoas mal intencionadas sempre existiram aonde quer que estejamos. A sociedade brasileira precisa aprender a se envolver mais na vida política se ela quer menos corrupção, mais comprometimento dos políticos e maior transparência das coisas públicas. E para isso não precisa ser político ou especialista. Precisa ter consciência de que as pessoas, como cidadãos, devem se envolver para fiscalizar e cobrar resultados. É essa consciência que precisamos ter. Devemos ser fiscais daqueles que optamos em colocar na administração pública. Em outras palavras, não tem mais sentido algum ficarmos a reclamar das falcatruas descaradas e não agir.


            A sociedade brasileira foi, por bom tempo, aquele enorme elefante preso apenas por um cordão. Hoje esse elefante percebeu que está solto e que pode agir, pode correr, pode impor sua tão grande força. Agora, com a consciência de sua força, a sociedade precisa se organizar, acompanhar e cobrar cada dia mais das lideranças, em todas as suas esferas. A sociedade precisa ser comprometida com a política, com o bem público, com os temas voltados à coletividade. Só assim poderemos – e conseguiremos – fazer do Brasil um país verdadeiramente justo e fraterno. E isso é crescimento. Um país é aquilo que seu povo representa e deseja. E a Democracia deve ser plena e eficiente, caso contrário perde a razão de ser. Então, vem prá rua, porque a rua é a maior arquibancada do Brasil!