SERÁ MESMO?
Ora bolas, vendo esse vídeo fico frustrado,
pois me lembro, quando moleque, das dezenas de milhares de vezes que tentei ensinar
meu bichano (para não falar "meu gato" e aqui causar má impressão) a
tomar banho. O bicho saia de casa, ia lá ao monte de areia e fazia suas
necessidades, por sinal bem onde eu costumava brincava com meu irmão e meus
amigos. Putz, que merda! E como nem ele próprio suportava o mal cheio daquela
bostanhada toda, procurava imediatamente cobri-la com areia. Eu estou para ver bosta
mais fétida, fedorenta, malcheirosa, podre do que as dos bonitinhos e carinhos
gatinhos. Será que existe? Duvido.
Levando-se em conta a nobre preocupação do
bichano em cobrir seu serviço e como vivia sempre dentro de minha casa, folgadamente
esparramado sobre meu sofá a balançar sua calda de um lado para o outro sem
parar, eu achava, em minha santa ingenuidade, coerente dar uma lavadinha no
bicho de vez enquanto, com direito a sabão em pó, xampu e algo mais, do mesmo
modo que eu fazia com o meus cães, que gostavam muito. Quer dizer, eu acho que
gostavam. Eles saiam feitos loucos pelo quintal afora, atravessavam a cerca e
sabe lá para onde eles iam. Às vezes demoravam em retornar. Mas retornavam. Eu
pensava assim: “Ah estão limpinhos, estão cheirosos. Só poderiam ter descolado
uma gata, que dizer, uma cadela para paquerar”.
Voltando para a história do gato, foram diversas
tentativas frustradamente inúteis, pois o felino se recusava impetuosamente a molhar
a cara, que dirá o corpo todo. No final ele sempre ganhava. E eu? Bem, eu
sempre precisava do auxílio de minha mãe para me curar dos arranhões e mordidas
que, covardemente, o bicho selvagem me fazia. Eu até achava que ele nunca mais
retornaria para mim de tanta raiva. E eu dele, claro. Mas sei que no fundo ele
gostava muito de mim, de meus carinhos e brincadeiras que propiciava a ele. Por
sinal, lembro-me de meus cãezinhos que morriam de inveja dele. Acho que era
inveja. Não era à toa que por diversas vezes eu tinha que subir no telhado para
resgatá-lo dos seus arquirrivais.
Esse bicho no vídeo acima não deve ser
gato. Com certeza não é. Impossível um gato tomar banho. Olha que eu tentei,
hem! Por muitas incansáveis vezes. De todas as formas possíveis. Lembrou-me de
quando resolvi amarrá-lo. Bem, isso não vem ao caso agora. Mas não aceitar nem
uma lavadinha no rosto? Que frustração minha! Por isso que eu não quero mais
saber de bicho pequeno. Só bicho grande, tipo assim, gado, cavalo, onça, que é
um bicho dócil e de fácil relacionamento.
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